20 de mai. de 2021

Pacientes que tiveram sequelas da Covid-19 buscam fisioterapia para reabilitação funcional

 

Por G1 RN

 


Mabel Sousa, 50, sentia cansaço mesmo após estar curada da Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

Mabel Sousa, 50, sentia cansaço mesmo após estar curada da Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

Corpo febril, tosse seca, dores no corpo. Estes foram alguns dos sintomas percebidos por Mabel Sousa, 50, ao ser diagnosticada com Covid-19. Os sintomas perduraram por apenas três dias e o quadro dela foi considerado leve. Mas, logo após o isolamento que realizou, ao retomar a prática de exercícios físicos o corpo deu sinais de que ainda precisava de ajuda.

Mabel conta que depois da doença, ao iniciar as atividades físicas sentia um cansaço extremo “que dava vontade de desistir”. A partir daí, decidiu iniciar uma série de exercícios fisioterapêuticos para reabilitar seu corpo frente às sequelas da doença.

“Comecei a trabalhar os padrões respiratórios por meio do tratamento fisioterapêutico. Se não fosse isso, acredito que não estaria bem até hoje. Os exercícios respiratórios e físicos foram fundamentais para eu me sentir melhor depois da doença”, conta Mabel, que foi infectada pelo coronavírus em setembro e, após a cura, passou três meses em fisioterapia até a recuperação total.

Casos como o de Mabel, com sequelas pós Covid-19, são mais comuns do que se imagina. Entre os que contraem a doença, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% das pessoas têm casos leves (se recuperam sem a necessidade de internação) e 15% evoluem para médio e grave, chegando a precisar de oxigênio. Destes, 5% chegam a ser intubados em UTI.

“Mas todos os pacientes internados, os 15% considerados graves, necessitam do suporte fisioterapêutico após a alta hospitalar para o retorno a uma vida de qualidade, visto que tiveram o comprometimento de um uma habilidade do corpo”, afirma a fisioterapeuta Gerlane Cristina.

A professora Marlucia Cirilo, de 58 anos, passou 10 dias internada em um hospital e chegou a ter 65% do pulmão com suas funções comprometidas — Foto: Arquivo pessoal

A professora Marlucia Cirilo, de 58 anos, passou 10 dias internada em um hospital e chegou a ter 65% do pulmão com suas funções comprometidas — Foto: Arquivo pessoal

A professora Marlucia Cirilo, de 58 anos, passou 10 dias internada em um hospital e chegou a ter 65% do pulmão com suas funções comprometidas. “Quando recebi alta a equipe médica me recomendou fazer fisioterapia para tratar as possíveis sequelas”, relata.

De fato, logo após a saída do hospital, a professora continuou sentindo cansaço ao realizar qualquer esforço, dores nas pernas e baixa saturação (oxigenação). “Após a cura da doença, o mais importante para mim era não ficar com nenhuma sequela. Consegui isto na fisioterapia com apenas um mês. Uma coisa que recuperei que pensava que iria demorar foi a canseira nas pernas, com relação a isso já estou bem”, frisa.

Fisioterapeuta Gerlane Cristina  — Foto: Arquivo pessoal

Fisioterapeuta Gerlane Cristina — Foto: Arquivo pessoal

Como a fisioterapia ajuda contra as sequelas

A profissional explica que as sequelas se apresentam de várias formas, pois dependem muito do grau da agressividade do vírus no organismo da pessoa. Como a doença atinge diversos órgãos e se comporta diferente em cada pessoa, é presumível que os impactos na saúde difiram também.

Pode haver sequelas motoras, físicas e até emocionais (psicológicas), relata a fisioterapeuta. Debilidades motoras, perda de equilíbrio, falta de sensibilidade, dores musculares e articulares, déficit de força, debilidade do aparelho cardiorrespiratório com redução da capacidade pulmonar, sensação de fadiga são algumas das consequências notadas em pacientes pós Covid-19, segundo ela.

Para uma boa recuperação destas sequelas, segundo Gerlane, o tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado logo após a alta médica, visto que os dias imediatos após a alta são fundamentais para a recuperação. “Não é apenas pelo incômodo dos sintomas, mas estas sequelas podem dificultar a realização das atividades cotidianas com independência, como se higienizar, voltar ao trabalho, entre outras atividades. Quanto antes iniciar o tratamento fisioterapêutico, melhores os resultados”, enfatiza.

O tratamento é realizado após uma avaliação completa e criação de um planejamento, sempre com o objetivo de reabilitar a funcionalidade da pessoa assistida, seja a recuperação física, respiratória ou muscular. No plano podem ser incluídos exercícios práticos, com equipamentos, e até mesmo acupuntura.

Sobre o tempo necessário para a total recuperação, dependerá do grau de gravidade da sequela, da idade e de possíveis outras doenças pré-existentes. “A doença é muito recente, e não há tantos estudos ou nem mesmo tempo suficiente para analisar com precisão todas as consequências, o tempo de duração e o período preciso para o tratamento. Mas é certo que um paciente com Covid-19 precisa de assistência multidisciplinar para sua reabilitação total, e a fisioterapia é uma grande aliada neste objetivo”, destaca.


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